General se desculpa por broncas em advogado: 'Não foram apropriadas'
Do UOL, em Brasília e em São Paulo
13/06/2025 17h04Atualizada em 13/06/2025 17h07
O general e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira pediu desculpas hoje ao próprio advogado, Andrew Fernandes, por ter dado duas broncas nele durante interrogatório no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta semana.
O que aconteceu
Nogueira deu duas broncas no advogado. Em uma delas, após ser questionado pela defesa, ele falou que já tinha respondido "tudo" o que ele tinha perguntado ao ministro Alexandre de Moraes, enquanto na outra ele afirmou que o advogado não tinha combinado a pergunta com ele, gerando constrangimento e risadas entre os presentes, inclusive de Moraes.
Três dias após o interrogatório, o ex-ministro afirmou que as broncas "não foram apropriadas". "O Dr. Andrew e a sua equipe me prepararam extensa e acuradamente para o depoimento, elencando as perguntas a serem feitas pela defesa e os pontos a serem por mim ressaltados", disse Nogueira, em uma carta.
O general agradeceu o advogado pelo trabalho prestado até agora. "Apresento minhas escusas ao Dr. Andrew e manifesto a elevada estima e o agradecimento a toda a sua equipe pelo proficiente trabalho, cuja excelência tem fortalecido a confiança na solidez da minha defesa."
No interrogatório, Nogueira negou qualquer ação de tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder. Além disso, ele pediu desculpas pelas falas contra as urnas eletrônicas.
General da reserva, ele disse que "não via efetividade" na comissão eleitoral que investigou possíveis fraudes nas urnas eletrônicas. Ele foi o coordenador do grupo em 2022. Não foi encontrado nenhum indício de fraude, mas ele foi pressionado a colocar "possibilidade" de haver eventuais fraudes no relatório final.
Bolsonaro negou que tenha pressionado o militar. Em seu depoimento, o ex-presidente disse que sempre ouviu os comandantes militares, incluindo o ex-ministro, e afastou qualquer possibilidade de interferência. Nogueira também negou ter "despachado o relatório com Bolsonaro" ou alterado qualquer parte a pedido dele. "Isso me deixa de cabeça quente", disse, sobre a denúncia.
Relatório só saiu após o segundo turno. O então ministro explicou que a equipe foi responsável pela fiscalização do sistema eleitoral. "Eu gostaria de ter entregue, porque prometi ao senhor, mas não entreguei", diz. Ele apresentou alguns motivos, como publicar "fragmentos de informação pode resultar-se inconsistente com as conclusões finais do relatório", citando um dos responsáveis pela comissão.
Ele chamou os acampamentos em frente aos quartéis de "manifestação ordeira e pacífica". "Mas o motivo pelo qual eles estavam ali não era legal", opinou. "Foi uma baderna, mas jamais tentativa de golpe de Estado."