Investigação mira "laranjas" em disparos de WhatsApp de Bolsonaro e Haddad

Resumo da notícia
- MP quer lista de políticos que contrataram impulsionamento de mensagens
- Luciano Hang, da Havan, e mais empresários são considerados investigados
- Mais de 20 depoimentos devem ser tomados nas próximas semanas
A investigação sobre a distribuição em massa de notícias falsas para influenciar a disputa eleitoral entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) investe em uma nova linha de apuração. O MP (Ministério Público) pediu que as empresas que mantêm serviços de compartilhamento de mensagens, como WhatsApp e Facebook, indiquem nomes e contratos de todos os candidatos, partidos e coligações que compraram publicidade durante as eleições de 2018.
No caso dos aplicativos de envio de mensagens WhatsApp e Telegram, deverão ser enviados os dados cadastrais dos investigados. Isso inclui número do telefone celular, endereço, número usado no serviço, F ou CNPJ.
Os pedidos foram autorizados pela juíza eleitoral de Brasília Geilza Diniz, conforme documentos obtidos pelo UOL.
A ideia é avaliar se políticos se dispam a servir como "laranjas" das duas candidaturas nacionais, comprando serviços para envio de mensagens em massa para os candidatos. Facebook e Twitter disseram que Bolsonaro não comprou esse serviço. Uma ação de terceiros teria o objetivo de despistar os investigadores.
Uma das hipóteses investigadas é a contratação de pessoas físicas ou jurídicas para disseminar mensagens no pleito eleitoral à Presidência, mas no âmbito de outras candidaturas (deputados federais, estaduais, senadores, governadores). Seria uma forma de confundir órgãos de controle, afirma o pedido feito pelo promotor eleitoral Clayton Germano, ex-coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP do Distrito Federal.
O pedido inclui ainda o período de pré-campanha eleitoral, entre 1º de julho e 15 de agosto do ano ado. Além de WhatsApp e Facebook, serão intimados Twitter, YouTube, Instagram e Telegram.
No ano ado, o jornal Folha de S.Paulo mostrou que empresários bancavam empresas de disparos de WhatsApp com notícias falsas contra o PT, o que fere a lei eleitoral e pode ser considerado caixa dois.
O UOL ainda revelou que, horas após a publicação da notícia, uma agência da campanha de Bolsonaro apagou registros de disparos. O PT também usou o sistema. A PGR (Procuradoria Geral da República) determinou a abertura de um inquérito para apurar eventual envio de notícias falsas.
No pedido à juíza Geilza Diniz, a Promotoria diz que ainda não é possível saber se os crimes foram cometidos e quem foi o responsável por eles.
Os crimes aqui investigados, supostamente, interferiram direta ou indiretamente no pleito eleitoral de outubro de 2018, para os cargos de presidente e vice-presidente da República
Clayton Germano, promotor eleitoral
Dono da Havan é investigado
A polícia deve tomar depoimentos de mais de 20 pessoas envolvidas no caso. O dono das lojas Havan, Luciano Hang, já foi intimado. Ele é considerado investigado e deve prestar esclarecimentos em Itajaí (SC). A data ainda não foi confirmada.
O UOL contatou uma das advogadas contratadas pela equipe de Hang, mas ela disse que rearia o caso a outra colega da defesa do empresário. Não houve resposta até o fechamento desta reportagem.
A identificação do inquérito da PF (Polícia Federal) mostra que também estão na condição de investigadas as empresas Yacows, Quick Mobile, Croc Services e SMS Marketing, apurou a reportagem. A Yacows foi contratada pela AM4, por sua vez contratada pela campanha de Bolsonaro. A investigação corre em segredo de Justiça.
Jair Bolsonaro não é alvo da apuração
Até o momento, Bolsonaro e outros políticos com foro privilegiado não foram apontados como suspeitos de participarem do disparo de mensagens em massa com notícias falsas. Por isso, o corregedor do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Distrito Federal, Waldir Leôncio, determinou que o caso corresse sob supervisão de um juiz de primeira instância.
Caso surjam indícios de participação do presidente ou de outros políticos com foro privilegiado, o processo pode "subir" para o TRE ou para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ainda assim continuaria sendo investigado pelos mesmos policiais da Dasp da PF.
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