Hoje entusiasta, E. Bolsonaro já defendeu que Brasil deixasse o Mercosul

Há quatro dias, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) comemorava em suas redes sociais a do acordo entre o Mercosul e a União Europeia -- este que acumulava 20 anos de negociações.
"GRANDÍSSIMO DIA!!! Parabéns aos Ministros @ernestofaraujo ,Paulo Guedes e suas equipes, Mercosul acaba de fechar acordo com a UE após mais de 20 anos de negociações. Só um Presidente liberal poderia abrir este novo mercado. Isso é fazer negócio SEM VIÉS IDEOLÓGICO.", escreveu Eduardo.
Três anos atrás, no entanto, o "zero três", como chamado pelo pai Jair Bolsonaro (PSL), emitia opinião distinta no mesmo perfil no Twitter. À época, citava supostas benesses financeiras do Paraguai desde que o país decidira sair do bloco comercial sul-americano. Em 24 de junho de 2016, Eduardo escreveu:
"Bem que o Brasil poderia aproveitar o gancho do Reino Unido e fazer plebiscito p/ sair do Mercosul. Paraguai saiu e hj desponta na economia!" A publicação foi apagada pelo deputado, mas consta ainda no cache (mecanismo que funciona como uma espécie de memória do Google).
Entre entrevistas e discursos na Câmara, Bolsonaro afirmou mais de uma vez que as negociatas com países do bloco tinham "viés ideológico" e se opôs até às placas unificadas do Mercosul. "Essas placas não são de interesse nacional, no que depender de mim vamos colocar um ponto final nisso", afirmou, em entrevista à TV Band em outubro ado.
Um ano antes, o então deputado escrevera em seu Twitter: "Temos que ter outras opções fora das amarras ideológicas do MercoSul! Partamos para o bilateralismo em prol do desenvolvimento real do país!"
Mercosul não era "prioridade"
Pouco depois de ser oficialmente anunciado como ministro da Economia pelo presidente Jair Bolsonaro, Paulo Guedes chegou a afirmar que o bloco não seria "prioridade". "O Mercosul é demais para o que estamos pensando. O Mercosul, quando foi feito, foi totalmente ideológico. O Brasil ficou prisioneiro de alianças ideológicas e isso é ruim para a economia", afirmou Guedes para jornalistas após encontro com Bolsonaro no Rio, em outubro ado.
Irritado com os questionamentos dos repórteres, Guedes subiu o tom contra uma jornalista do periódico argentino Clarín. "A prioridade não é o Mercosul. Mercosul não é prioridade. Não, não é prioridade. É isso o que você quer ouvir? Você está vendo que tem um estilo que combina com o do presidente. A gente fala a verdade. A gente não está preocupado em te agradar."
O acordo
O pacto entre UE, que conta com 28 estados-membros, e Mercosul fechado na semana ada, depois de duas décadas de negociações, estabelece uma série de regras e condições para facilitar a importação e a exportação entre os países dos dois blocos --que representam, juntos, 25% da economia global e envolvem cerca de 10% da população mundial.
O acordo estabelece cotas e taxas para a comercialização de produtos, e ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento europeu e pelos Congressos de países do Mercosul.
O tratado estabelece ainda algumas regras que devem ser seguidas por todos os países integrantes dos dois blocos, como a permanência e o cumprimento do Acordo de Paris sobre o clima, a conservação de florestas, o respeito a direitos trabalhistas e a cooperação em áreas como direitos humanos, incluindo direitos dos povos indígenas e a migração --mas, nesse caso, o trânsito de pessoas não é entra no tema.
O Mercosul (Mercado Comum do Sul) não estabelece somente uma TEC (Tarifa Externa Comum) --ele também prevê, assim como dentro da UE, a livre circulação entre os cidadãos de seus países. O bloco sul-americano, aliás, foi criado com base na UE, contando inclusive com a consultoria de europeus. Mas, mesmo com o acordo fechado entre os dois blocos, nada muda em relação ao trânsito de pessoas.
*Com reportagem de Talita Marchao, do UOL em São Paulo
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