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Rubens Valente

Covid-19 se espalha e mata xavantes, reavivando os traumas do ado

Líder indígena xavante Crisanto, internado com Covid-19 em Barra do Garças (MT) - Reprodução/ Fepoimt
Líder indígena xavante Crisanto, internado com Covid-19 em Barra do Garças (MT) Imagem: Reprodução/ Fepoimt

Colunista do UOL

26/06/2020 18h48

Em um leito de um hospital de Barra do Garças (MT), com um aparelho de respiração no nariz, o líder xavante Crisanto Rudzo Tseremeywá gravou um vídeo em sua língua: "Xavante, povo verdadeiro, vocês da Terra Indígena São Marcos, estou gravando para vocês, mandando que vocês parem de fazer aglomeração. Agora estou no hospital, falando daqui. Prestem muita atenção no que vou falar, se você está se sentindo mal, a saúde não está boa, seu peito está doendo, se está sentindo falta de ar, não espere muito, você deve buscar o tratamento. Quando a doença já estiver tomando conta, é muito difícil curar. Quando começa a fechar o pulmão é muito difícil para salvar, a nossa imunidade é muito baixa para essa doença".

Dias depois do vídeo, feito no último dia 22, Crisanto perdeu a mãe, que estava também internada com Covid-19. Seu pai, igualmente diagnosticado com a doença, está numa UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Os três foram contaminados pelo novo coronavírus em meados de junho.

O caso da família de Crisanto, que é o presidente da Fepoimt (Federação dos Povos indígenas de Mato Grosso), revela o drama que começa a crescer entre os xavantes. Depois de ter atingido duramente etnias no Amazonas, como os kokamas, com quase 50 mortos, a Covid-19 se espalha rapidamente em diversas aldeias e terras indígenas da etnia xavante, no Mato Grosso, deixando até a noite de quinta-feira (25) pelo menos 12 mortos e 102 casos confirmados, além de 61 casos suspeitos. Desses, 26 indígenas estavam internados, alguns em estado grave, como o pai de Crisanto.

Os números são do boletim do DSEI Xavante (Distrito Sanitário Especial Indígena) da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) e divergem do balanço oficial divulgado no site da própria Sesai na internet, que aponta apenas um óbito xavante e 59 casos confirmados.

Os cerca de 22,3 mil xavantes estão localizados em dezenas de aldeias situadas em 12 terras indígenas de 14 municípios de Mato Grosso. A doença primeiro chegou à terra Marãiwatsede, onde matou dois indígenas e infectou 21. O primeiro óbito, de um bebê, ocorreu no dia 11 de maio. De lá para cá, o surto na terra indígena aparentemente foi controlado, mas então irrompeu a epidemia entre os xavantes de São Marcos, terra localizada a mais de 500 km de distância. Outros casos foram registrados em Sangradouro, Campinápolis e Água Boa.

A chegada do novo coronavírus reavivou antigos traumas em São Marcos. Foi ali que, em 1966, durante a ditadura militar (1964-1985), uma grande epidemia de sarampo matou um número que oscila de 75 a 120 indígenas. A epidemia ocorreu logo depois da chegada dos xavantes de Marãiwatsedé que haviam sido retirados de suas terras originais e transportados em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) para permitir a continuidade das atividades de uma agropecuária que se instalou na região com apoio dos militares, a Suiá-Missú.

Só muitos anos depois, em 2004, com apoio do Ministério Público Federal e de organizações não governamentais e com várias decisões favoráveis da Justiça Federal, os xavantes conseguiram regressar a Marãiwatsedé. Nas duas comunidades ficou o trauma da grande epidemia de 1966.

Em São Marcos, os indígenas mais antigos, como Pio, relembravam aos mais jovens que houve tantos corpos, em tão pouco tempo, que foi necessário abrir uma vala comum para enterrá-los. É nessa terra indígena que a Covid-19 tem sido mais rápida e letal. Dos 12 óbitos registrados até agora entre os xavantes, oito ocorreram em São Marcos. Dos 102 casos confirmados, 64 são de São Marcos

Um relatório técnico da organização não governamental Opan (Operação Amazônia Nativa) apontou uma "elevada vulnerabilidade" dos xavantes na pandemia, considerando "a precária e insuficiente estrutura básica de atendimento à saúde disponível, especificidades socioculturais, perfil epidemiológico e ameaças que provém do entorno e adentram o interior dos territórios xavante".

Presidente do Condisi, o conselho que faz o acompanhamento da saúde indígena na região, Clarêncio Urepaiwe Tsuwaté disse à coluna que os xavantes "estão muito preocupados e solicitam urgentemente a ativação de unidades de isolamento social para casos de infecção da Covid-19 em seus territórios".

"Essas unidades seriam para o manejo de casos suspeitos ou confirmados com sintomas respiratórios leves e moderados, que possam ser acompanhados na atenção primária à saúde indígena, sob responsabilidade do Distrito Sanitário Especial Indígena Xavante. Porque os anciãos e idosos não são acostumados a fazer seus tratamentos nas cidades de referência. Podem ser encaminhados para tratamento nas UPA [Unidades de Pronto Atendimento] e hospitalares nos municípios de referência quando forem os casos de Síndrome Respiratórias Agudas Graves (SRAG)", disse Clarêncio.

Campanha 'SOS Xavante'

Na quarta-feira (24), apoiadores dos xavantes lançaram a campanha de solidariedade SOS Xavante, a fim de "sensibilizar toda a sociedade brasileira e a opinião pública internacional e arrecadar fundos para atendimento sanitário e alimentar durante a pandemia".

A campanha foi lançada pela Fetec-CUT (Federação dos Bancários do Centro-Norte), a Fepoimt (Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso) e o Condisi Xavante (Conselho Distrital de Saúde Indígena Xavante) , com apoio das organizações não governamentais Expedicionários da Saúde, Opan e The Nature Conservancy Brasil e a Revista Xapuri. Detalhes sobre como ajudar na campanha podem ser obtido pelo e-mail [email protected] .

A coluna procurou tanto o Ministério da Saúde quanto a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) na manhã desta sexta-feira (26) para saber que medidas estão sendo tomadas para enfrentar a pandemia nas terras xavantes. Até o fechamento deste texto, não houve resposta. Se ela chegar, este texto será atualizado.